Viviane Velano de Souza
Haicai
Acho que sou triste
E outro tempo não tenho
Pra emergir disso
Redondilha (maior)
O verde lá fora é triste
Sons da cigarra e do frio
Se aproximam lentamente
Acho que também sou triste
Sou barro, sou terra, sou cor, sente?
As vozes na alma assistem
Pedaços de mim resistem
Quero o pronto pra ontem
Sou inflexível no tempo
Preciso encolher um canto
No descanso de um segundo
De ser e aproveitar
O encontro com ninguém
Soneto
Abandonei o flexível no tempo
E já não tenho o tempo das horas
Assim, cobiço coisas de outrora
Na vida, já não encontro alento
A cada segundo atravessam culpas
Do querer colo em vez do se nutrir
Recolher cacos pra não dividir
A desvirtude só me preocupa
Tá tudo torpe ao meu redor, viu?
Os sons internos me arrancam do lugar
Fecho os olhos e sigo um rio
Mergulho em sulcos ao ouvir pulsar
O verde lá fora é triste ao frio
Vejo a tristeza me atravessar
Haikai pão
Ouso dividir
E mal sei ser por inteiro
Vou desandar, sei!
Texto livre:
E o melhor estava por vir
O perfume dele inundou
Toda a casa de amor...
(poesias de Viviane Velano, feitas nas aulas do Travessias Textuais)
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