Proposta de olhares outros para escritas. Enquanto escrevemos, vamos muito além de letras,
texto-tecido
símbolos, sílabas, parágrafos. Textos não são uma soma, com resultados calculados e
onde está, onde fica
garantidos. Textos aproximam-se mais dos tecidos, das músicas, das comidas, porque são
o que se esconde nessas linhas
composições: apresentam camadas, misturam inúmeros sentidos, criam possibilidades de
o que se mostra e grita
múltiplos. Ao escrevermos, poderíamos perceber os muitos instrumentos a tocar nossas
nos entres das palavras
palavras, observar os fios que nos fogem e teimamos em prender.
A rigidez trazida pela escola e pela academia para a escrita tendem a nos fazer crer em
esconder pequenos segredos
textos-somas. Enquanto escrevemos, deixamos as palavras tensas, sem espaço para as
pequenas surpresas
aberturas possíveis de sentido, poética e significativos. Textos dizendo tudo (seria possível?).
trazer
Exercitar buracos, tramas mais frouxas, permitindo-nos insinuar, quase dizer, esconder. Ainda
outras direções
que tão até as escritas-bloco-de-concreto possuem tais camadas. Não nos atrevemos a olhar
no avesso do texto
por entre as linhas. O que escondem nossas palavras?
Massas-folhada, pavês, bolos cheios de recheios. Olhamos por cima, queremos apenas as
como compor
coberturas. Enfiar o dedo na travessa e deliciar-se com a camada mais baixa.
os indefiníveis
Prendemo-nos a ideias e ideais, a roteiros alheios, receitas impossíveis. Há de se ir para a
como dizer
cozinha, há de se assoprar os muitos instrumentos: é necessário invenções e desinvenções.
nas brechas
Procurar os buracos nos textos alheios, perceber as possibilidades brilhantes em escrita de
dar espaços
outros, cavocar nossas produções, colocar a terra para cima, cobrir e descobrir tesouros.
para os ditos
Quantas possibilidades um único texto pode oferecer? Seria a escrita um lugar de uma única
e não ditos
possibilidade?
Ah, que texto incrível, muito inspirador. É texto ou é poesia? É poesia ou é texto? Textesia/poexto 😀