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Por que escrevemos?


Homem escrevendo em um caderno
(Imagem: arquivo do Wix)

Essa pergunta. Já é a terceira ou quarta vez que começo esse texto. Essa pergunta! Essa pergunta...


Eu tinha elaborado ~ na minha cabeça ~ um super texto com fontes históricas e relatos teóricos dos motivos que nos fazem sentar e escrever. Parece haver tantos motivos. Sinceramente, conforme a escrita surgia, mais chatos os parágrafos ficavam. Eu levei a pergunta para um lado bem frio, distante daquilo que ~ realmente ~ acredito. Estava fazendo uma relação da humanidade (como um todo) com a escrita (de um modo geral). Blá. Seria mais um texto técnico, mais um blá nessa rede cheia de blábláblá.


Depois, quis um texto belíssimo: traria a essência do que é a escrita e, na última linha, todos aplaudiriam de pé. As pessoas lendo, emocionadas, encontrando o sentido que a escrita tem na vida de cada uma. Já pensou que incrível? Encontrar distraidamente a essência do ato de escrever?! Seria chato, rs. Perderia a graça escrever (perderia?).


Por que escrevemos? Por quê? O que acontece conosco que nos faz escrever?


Eu escrevo por falta de opção. Algo fica me incomodando, me mordendo, me corroendo e, enquanto não escrevo, não sossego.


Mentira. Quer dizer, verdade. Mas não é só isso, sabe?


Por que escrevemos?


(Eu até quero usar uma citação boa de um teórico bacaninha, mas vou guardar para o final.)


Tem dias que escrevo por obrigação, pela profissão. Tem dias que escrevo porque escutei uma música incrível ou assisti a algo fantástico. Tem dias que escrevo somente para reclamar do meu dia.


Mas isso é uma meia verdade. Não escrevo todos os dias. Quer dizer, escrevo, mas não nesse caráter de ~ escrita ~ que trago para cá.



Estilete, lápis e cascas de lápis apontado
(Imagem: arquivo do Wix)

Nem sei se todos escrevemos. Claro que não. Nem se eu realmente quisesse, a escrita seria o último biscoito do pacote da humanidade.


Fiquei pensando nos motivos que nos levam a escrever. Nas alunas que chegam ao Travessias, nas amigas que escrevem, nas que não escrevem. As conversas, as falas, as vozes todas ecoando dentro da minha cabeça. O que me leva a escrever é o mesmo que leva as outras pessoas? E começo a perceber a escrita como o sapatinho da Cinderela (ai, que exemplo péssimo, rs): não adianta eu querer ficar tentando calçar aquilo que não é meu ~ cada um tem o seu número, o seu motivo de escrita.


(Aliás, precisamos de motivos para escrever? Precisamos mesmo compreender o que nos leva até o papel ou podemos somente chegar nele e devorá-lo com toda a tinta da caneta preferida?)


Vou te dizer: esse é um texto difícil. Porque, por mais que eu queira, não consigo encontrar razões boas o suficiente para defender apenas um posicionamento.


Não sei por que escrevemos. Sei da necessidade que temos de conseguir tirar algo de nós. Sei dessa vontade de expressar. Sei do desespero de não dizer. Sei da história da mulher que escrevia e depois queimava. Passamos tanto tempo preocupados com uma forma escrita, com uma técnica, com uma escrita perfeita ficou lindo vou te dar parabéns palmas bravo ~ e nos esquecemos do que queríamos: somente escrever.


Talvez, não haja uma resposta boa. Uma resposta. Talvez, a resposta sempre vai caber somente para cada um, por isso a norma pode ser extremamente irritante. Talvez, (falei que ia fazer isso), Barthes tenha razão:

“a escrita aparece quando a fala se torna impossível”.

Talvez, ele esteja errado e eu possa escrever e falar e escrever e falar.


(Fato, é que o texto saiu, a pergunta ficou sem resposta. E eu escrevi.)

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